Cocktail de Liberdade
Para fazer o cocktail de liberdade, devem usar-se vários ingredientes. Muitos ingredientes. Todos os ingredientes que for possível: morenos e louros, escuros e claros, olhos azuis, olhos rasgados, cegos e visionários, mulheres, homens, rapazes e rapazes, raparigas com raparigas, rapazes com rapazes... e tudo à vontade, desde que seja de boa vontade. Em seguida, junta-se-lhes um longo fio de tolerância e tiram-se-lhe os espinhos: o medo da diferença, a arrogância do forte, a mania de pensar os indivíduos como sendo feitos pelo e para o colectivo, em vez de considerar o colectivo como sendo feito pelos e para os indivíduos. Agita-se bem, mistura-se até que fique bem misturado, até que à superfície se formem as bolhas do respeito e os rebentos do amor. Pode juntar-se-lhe depois uma rameira, digo, um raminho de doce fragrância e já está. Toca a beber, que a vida são dois dias.
Fernando Savater, in Livre Mente
(2000)
Fernando Savater, in Livre Mente
(2000)
1 Comentários:
Delicioso!
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